Posso até não concordar com tudo que o Pr. Ricardo Gondim (Assembléia de Deus-Betesda) escreve, mas diria que vale a penar ler esse texto:
"Se não me falha a memória, a frase é do Cazuza. “A burguesia fede, mas tem os seus encantos”. Pela classificação mais ordinária dos cidadãos brasileiros, nasci na classe “C”, isto é, no andar de baixo desta burguesia. Designado para viajar nos vagões mal cheiroso que ficam atrás do trem, minha infância não teve tantos mimos. Cresci sem automóvel (eu tinha 17 anos quando papai comprou um carro), sem frequentar lanchonete nos fins de semana e sem vestir roupa de grife. Não, nunca fomos pobres; tínhamos segurança alimentar e uma grande família com tios que chegaram junto na hora do sufoco.
Mas, para entrar no baile de adolescente na vesperal do Clube Náutico, eu precisava pular o muro; para chupar um picolé no intervalo da aula, tinha que ir para o colégio a pé e para comer maçã, adoecer.
Tornei-me um militante do patético alpinismo social. Em meu primeiro emprego, fixei a meta de comprar um fusca. Trabalhei como um remador de galé, mas um ano depois saí da loja montado nas quatro rodas alemãs - e mais trinta e seis prestações. Daí para a frente, continuei subindo. Cheguei ao mundo colorido da classe “B”. Eu já não era um remediado pobretão. Cedo, também notei que as escadas religiosas poderiam me conduzir a patamares mais elevados.
Gastei a maior parte dos meus dias entre cristãos que faziam da religião o trampolim social que a sociedade lhes negava. Eu sabia que a lógica religiosa que eu aceitava de bom grado, e fortalecia, servia às aspirações de pequenos ricos.
Primeiro, nos Estados Unidos. Viajei extensivamente por quase todo o território e conheci a América profunda. Preguei tanto em igrejas grandes como em bibocas. Evitei, por interesse, notar como os pentecostais se esforçavam para mostrar que não eram os primos pobres de batistas e presbiterianos. Por duas vezes, participei do Concílio Geral das Assembleias de Deus. Não há como descrever o desfile das vaidades que vi nessas reuniões. Pelos corredores lotados com mais de quinze mil pastores, mulheres borradas de maquiagem ostentavam roupas caras e os maridos batalhavam para ganhar a placa de “Maior Contribuinte de Missões Mundiais ”.
Depois que voltei ao Brasil, também procurei cegar para o que via. Eu não queria notar como líderes denominacionais usavam de toscas manipulações para se manterem temidos como caudilhos. Pastores oriundos das mesmas camadas sociais que eu, se sentiam desafiados a passar pelo malho apertado da peneira social. Alguns, logo revelavam sinais exteriores de riqueza, fama, glória. Isso lhes motivava à luta e eu, confesso, queria ser como um deles. Os ungidos apareciam ao lado de políticos famosos, viajavam para Israel, abriam postos missionários além-mar.
Paulatinamente, distanciei-me desse mundo que passou a imprimir cartão de visita com o titulo de Apóstolo. Depois, com as mega-empresas religiosas, quando o cacife cresceu, e eu decidi sair de vez. Os verdadeiramente ungidos passaram a desfilar de BMW, helicóptero e jatinho. Resolvi não desejar esses brinquedinhos que patenteiam a bênção de Deus.
O mundo evangélico está contaminado por esta espiritualidade pequeno-burguesa. Animado pela lógica de que servir a Deus é proveitoso, o crente parte em busca do macete que abre porta de emprego, faz passar no vestibular, resolve causas na justiça, ajuda nos concursos públicos e aumenta salário. Para ele, a prova de que Deus existe está nesses pequenos milagres; e o melhor testemunho da verdade da fé, na capacidade de mover o braço do Todo-Poderoso.
Quase fui linchado quando afirmei, em um estudo bíblico, que Deus não abre porta de emprego.Sofri crítica por dizer, baseado no Sermão da Montanha, que Jesus ensinou aos filhos de Deus a não pedirem coisas materiais. A princípio, não entendi a reação virulenta. Por que tamanha resistência à proposta de espiritualidade que abre mão das intervenções divinas para se dar bem na vida? Mas, quanto mais eu lembro das ambições que povoaram o meu coração juvenil, dos corredores enfatuados daquelas convenções americanas e da breguice dos evangelistas novos-ricos, reconheço: não se desvencilha com facilidade das orações milagrosas que prometem os encantos da burguesia, sem feder".
Fonte: www.ricardogondim.com.br
Graça e Paz, Pr. Juber
ResponderExcluirGosto muito dos textos do Gondim. Os ortodoxos gostam de fazer muita marola, dizendo que ele diminui a soberania e onisciência de Deus, mas sinceramente até hoje não vi nenhuma heresia no que ele escreve. Só uma maneira diferente de pensar teologia, ou seja, um outro olhar. Não concordo com quem critica o Pr. Gondim. É só marola e policiamento religioso.
Quanto ao texto, ele é belíssimo e bem esclarecedor quanto aos rumos que a igreja evangélica vem tomando.
Um abração!
Graça e Paz.
ResponderExcluirÉ o meu primeiro contato com o texto do Gondim, concordo com quase tudo que ele falou sobre a burguesia "cristã", e não concordo quando ele diz que Deus não abre porta de emprego. Antigamente as benção vinham nas formas de boas terras, vasta criação de animais e vidas fartas, mais hoje o emprego é essêncial para que o povo tenha dignidade, pois o homem é digno de usufluir do fruto de seu trabalho.
Enquanto que em nascer em classe A,B,C ou D, não importa pois o nosso Salvador nasceu em uma majedoura, é só não se deixar corruper suas virtudes por causa de pouco e nem muito, mantenha-se íntegro na presença de Jesus que ele te reconpensará eternamente.
Marcos Wandré,
ResponderExcluirPor tudo que ouço sobre o Pr. Ricardo Gondim e de membros de sua igreja, a Betesda, sinto que é um homem íntegro, ético e que ama ao Senhor. Por motivos que eu desconheço, a partir de 2004, ele passou a demonstrar sua simpatia por uma linha teológica que foca mais a humanidade de Jesus do que a Soberania de Deus. Mas apesar disso, não sou a favor como alguns blogueiros evangélicos fizeram de classificar Gondim, Ed René e Paulo Brabo como hereges. Não. Deus não pensa como nós. Apesar de estar com essas posições que até conflitam com muito do que é ensinado pelo protestantismo tradicional, principalmente o calvinismo, sei que Deus o entende. É absurdo e totalmente fora do espírito cristão como as pessoas tem facilidade de colocar os outros na fogueira da inquisição. A minha postagem que teve mais comentários, foi uma que manifestei minha opinião sobre o
Caio Fábio. Recebi pedrada de todo o lado. Depois postei um texto do Paulo Brabo, e tive a tristeza de ver gente que éramos parceiros de links desde a abertura do blog, romperem comigo. Fazer o quê? Não vou mentir e fingir que comungo das idéias da extrema direita cristão e nem da "maioria moral". Como diz o apóstolo Paulo, sou o que sou pela graça de Deus.
Um abraço.
Manoel Ivande,
ResponderExcluirTambém gostei do texto e nesse ponto, concordo com você, pois também creio que Deus não somente abre portas de emprego, mas faz outros milagres do nosso cotidiano.
Abraço.
Graça e Paz, Pr. Juber
ResponderExcluirCheguei a conclusão, depois de todos estes anos observando o comportamento da igreja evangélica no Brasil, vendo as barganhas com Deus, a exploração do povo, a arrogância doutrinária e teológica, o culto à moral em detrimento da misericórdia, que esta igreja desconhece completamente o que signica Graça de Deus revelada no Evangelho.
Acusam, acusam, fazem um policiamento teológico em nome de uma verdade que se conhece só nas dissertações sobre "Deus" e não nas profundezas do coração que crê em Jesus.
Sinceramente, Pr. Juber, ao ler os evangelhos e as cartas de Paulo, com a mente mais livre possível dos pré-condicionamentos, vejo o quanto a igreja está distante do Evangelho da Graça.
É claro que há um remanescente fiel, que conhece a Graça de Deus. Você é um deles, e louvo a Deus por tua vida.
Que prossigamos juntos, combatendo o bom combate pela Graça de Deus em Cristo Jesus!
Um abração!
Pastor Juber,
ResponderExcluirA Paz!
O texto é rico, bom pra quem aprecia a profundidade de uma leitura de mentes como a do Pr. Gondim, as resalvas devem ser feitas para qualquer leitura, e quanto ao comentário do Marcos Wandré e sua resposta, penso da mesma forma que o senhor.
As pessoas vivem numa inquisição do século 21 e ainda voltam a séculos atráz em atitudes, e cada vez mais, desaprovam a graça de Deus e anulam a cruz de Cristo atravéz de suas atitudes.
Não é porque aprovemos ou discordemos de quem "pensa" de forma calvinista ou outro pensamento teológico que devemos agora jogar a vidas das pessoas no lixo. Rejeitar ou aceitar formas de pensar faz parte da vida humana, cada um segue seu estilo e pensamentoe, penso que jamais devemos regeitar pessoas mas sim argumentos heréticos.
Sei bem o que é isso, meu blog nem tem tanta notoriedade assim, mas sempre que publico algum texto do Caio Fabio, recebo e-mails de pessoas que condenam a vida de alguém por um simples texto publicado. As vezes isso é parecido com o que ocorre com a questão da Bíblia Dake.
Vai entender esse povo.
Posso apenas continuar orando e falando um pouco sobre Deus.
Um abraço e saúde aos trigêmeos!
Ola pastor, Quero seguir seu blog para ficar atualizado aos textos que são publicados mas não encontrei, seria interessante para os leitores ter aqui o quadro de seguidores.
ResponderExcluirPaz do Senhor.
Marcos Wandré,
ResponderExcluirEm 31/05/1997, durante uma entrevista a Robert Shuller, escritor e apresentador de tv, Billy Graham foi questionado sobre a seguinte pergunta: "Me diga, qual você acha é o futuro do cristianismo?"
Billy Graham respondeu: "Bem, quanto ao cristianismo e quanto a ser um verdadeiro crente… sabe, acho que o que existe é o corpo de Cristo. Isso vem de todos os grupos cristãos ao redor do mundo, e de fora dos grupos cristãos. Acho que qualquer um que ama a Cristo, ou conhece a Cristo, é membro do corpo de Cristo quer isso seja consciente ou não. E não acho que veremos um grande avivamento que irá levar o mundo inteiro aos pés de Cristo. Penso que Tiago, o apóstolo Tiago no primeiro concílio em Jerusalém, tenha dado a resposta quando disse que o propósito de Deus para esta era é chamar um povo para levar o seu nome. É isso que Deus está fazendo hoje: chamando do mundo pessoas para levarem o seu nome, quer essas pessoas venham do mundo muçulmano, do mundo budista, do mundo cristão ou do mundo agnóstico; são membros do corpo de Cristo porque foram chamados por Deus. Pode ser gente que nem mesmo conhece o nome de Jesus, mas sabe em seu coração que carece de algo que não tem, e segue a única luz que tem. Penso que esses sejam salvos, e estarão conosco no céu".
Eu pergunto: E aí, vão colocar Billy Graham no banco dos hereges também?
Um abraço.
Matias,
ResponderExcluirNão é fácil meu irmão, manifestar opiniões discordantes de alguns, que interpretam seus conceitos como verdade absuluta. No início deste blog, uma vez postei um vídeo do Brennam Manning. Rapaz! Que coisa! Uns disseram que foram abençoados com a palavra, outros partiram para o ataque. E por aí vai.
Um abraço.
Anônimo,
ResponderExcluirMeu link com os seguidores desse humilde blog, estão à direita da página, acima do contador do blog. Se desejar me dar a honra de estar seguindo esse espaço e só entrar lá no link.
Um abraço.
Paz do Senhor, Pastor.
ResponderExcluirParabéns, pelo seu trabalho neste blog. Que Deus em Cristo Jesus lhe continue abençoando poderosamente.
Estou seguindo o vosso blog.
Aproveito pra lhe convidar a visitar meu blog também. Avivamento pela Palavra é um blog voltado aos amantes da Bíblia sagrada como Verdade Absoluta e que só através Dela seremos mais crentes e mais cheios do Espirito Santo. Comente, pois seus comentários são muito importante para mim poder estar sempre em melhorias no meu blog.
http://www.alexandrepitante.blogspot.com/
Siga-nos também.
Fica com Deus.
Um abraço, Alexandre Pitante.
Pastor Juber,
ResponderExcluirPara "alimentar" um pouco mais o seu texto, mais particularmente aos comentários, vai uma frase de alguém muito influente no Reino de Deus.
"Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas, sim, em si mesmo."
Agostinho.
A Paz!
Alexandre,
ResponderExcluirObrigado pelas palavras de apoio, pela visita e por se tornar seguidor deste blog. Estarei visitando seu blog e deixando uma participação lá.
Abraço.
Matias,
ResponderExcluirGrande Agostinho! Nada mais verdadeiro, pois o que vemos hoje é o chamado "supermercado da fé", onde você vai na "prateleira igreja", e escolhe o que for do seu gosto.
Abração.
A graça e a paz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
ResponderExcluirEstou retornando a trabalhar no meu blog e gostaria de contar com seu apoio.
faça-nos uma visita. www.asearadorei.blogspot.com
Itamar,
ResponderExcluirFeliz retorno à blogosfera! Estarei depois fazendo-lhe uma visita.
Um abraço.