Segundo a analista política Maria das Dores, a pressão de setores religiosos - principalmente evangélicos - sobre uma definição contra o aborto da campanha da presidenciável Dilma Rousseff (PT) não tem motivação religiosa, mas é uma forma de barganhar por poder, avalia a cientista Maria das Dores Campos Machado. Ela destaca que, neste segundo turno presidencial - nem Dilma, nem José Serra (PSDB) têm perfil religioso. Para ela, qualquer um dos dois tem chances de ganhar o apoio desses grupos por negociação.
- Eu percebo que existe um pragmatismo muito grande nos grupos religiosos. Eles sabem que estão lidando com dois candidatos que não são religiosos.
Para a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os pastores viram na polêmica uma chance de se estabelecerem na política.
- É um jogo e o que estas lideranças querem mostrar é que estão sendo reconhecidas.
Autora dos livros "Os Votos de Deus" e "Política e Religião", Maria das Dores é diretora de um núcleo de estudos sobre religião e política. Em entrevista a Terra Magazine, ela critica o uso da discussão em torno da descriminalização do aborto nas eleições. "O fato de isso aparecer na eleição, mostra como o debate na sociedade é incipiente". "Esse tema está sendo usado na eleição porque a sociedade não tem uma posição clara".
- Eu percebo que existe um pragmatismo muito grande nos grupos religiosos. Eles sabem que estão lidando com dois candidatos que não são religiosos.
Para a pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), os pastores viram na polêmica uma chance de se estabelecerem na política.
- É um jogo e o que estas lideranças querem mostrar é que estão sendo reconhecidas.
Autora dos livros "Os Votos de Deus" e "Política e Religião", Maria das Dores é diretora de um núcleo de estudos sobre religião e política. Em entrevista a Terra Magazine, ela critica o uso da discussão em torno da descriminalização do aborto nas eleições. "O fato de isso aparecer na eleição, mostra como o debate na sociedade é incipiente". "Esse tema está sendo usado na eleição porque a sociedade não tem uma posição clara".
Leia a entrevista na íntegra.
Terra Magazine - O que a senhora está achando do fato de os votos dos religiosos entrarem no centro dessa disputa pelo segundo turno? A questão do aborto, principalmente, está se tornando crucial para os presidenciáveis.
Maria das Dores Campos Machado - A religião sempre teve uma dimensão muito importante na cultura brasileira e aparece sempre em momentos importantes das eleições. Nos últimos anos, o movimento feminista conquistou alguns avanços junto ao Poder Executivo, há a questão do Plano Nacional de Direitos Humanos. Isso expressava um certo avanço dos setores mais progressistas do governo. O que há é uma reação dos grupos conservadores. Você não tem nenhum grupo religioso com uma única posição com relação às candidaturas que estão representadas agora. Tanto os evangélicos como os católicos estão divididos. Eles também percebem que a própria candidatura de José Serra também tem mais afinidade com posturas mais liberais. Ele já foi ministro da Saúde, tem medidas que facilitaram a contracepção de emergência.
Como é essa divisão?
No caso de Serra, os contatos que ele mantém são muito mais graças ao Geraldo Alckmin, que é um católico mais conservador, e alguns movimentos de renovação carismática muito ligados ao Geraldo Alckmin no interior de São Paulo. No caso de Dilma, a candidatura dela tem o apoio tanto do bispo Edir Macedo (líder da Igreja Universal) como do bispo Manoel Ferreira, que é uma grande liderança da Assembleia de Deus. Mas há uma grande resistência de grupos mais conservadores e grupos que não conseguem estabelecer um canal direto com as grandes candidaturas. Não se pode esquecer que os evangélicos têm um caráter muito pragmático. Eles sabem estabelecer uma separação entre o que é do mundo legislativo e o que é essa doutrina religiosa. Nesse sentido, eu acho que existe possibilidade de os dois candidatos conquistarem apoio desses grupos para além da visão ideológica ou da visão mais doutrinária de ser contra ou a favor do aborto. Eles sabem muito bem que eles estão lidando com dois atores políticos que não são religiosos, mas que podem dialogar com suas lideranças e podem dar um tratamento de ouvir mais essas lideranças na maneira de encaminhar o debate do aborto.
Mas essa possibilidade de negociar com os dois lados independe, então, da questão religiosa em si?
Eu percebo que existe um pragmatismo muito grande nos grupos religiosos. Até o final dos anos 90, o Lula era visto como um representante do "demônio" por vários pastores. Os pastores diziam que o Lula era endemoniado. Eu lembro que, na campanha em que o Lula foi vitorioso, o bispo Carlos Rodrigues disse: Nós criamos o veneno - que era considerar o Lula um demônio - nós vamos criar o antídoto. Existe por parte das lideranças certo pragmatismo. Uma vez convencidos de que as alianças políticas podem ser proveitosas para os seus grupos, eles podem rever toda a posição.
Mas esse apoio não iria, neste caso, ao candidato que se comprometesse a não descriminalizar o aborto?
Sim. O que eu estou querendo dizer é que esse tipo de intervenção - como o do pastor Malafaia (que declarou voto em Serra) - é criado em função de entenderem que eles estariam tendo uma maior capacidade de influência junto à Dilma ou ao Serra. Eu acho que há um pragmatismo aí por trás. Eu acredito que o pastor Silas Malafaia, quando declara o seu voto, ele é uma pessoa que faz a opinião pública. É um caráter extremamente pragmático. Eu acho que ele está aí tentando se cacifar no jogo da política. Ele não é só um ator religioso. Tem aí também um jogo das lideranças religiosas no sentido de serem reconhecidas enquanto atores políticos, atores que vão estabelecer uma série de acordos e vão ter acesso ao cenário político. A questão doutrinária é colocada na mesa para negociar ou para forçar um reconhecimento enquanto ator político.
Colocar essa questão do aborto às vésperas da eleição é uma ação eleitoreira? Em especial, o questionamento direto feito à postura da candidata Dilma por ela não ter se definido sobre o tema.
Existem coisas que acontecem dentro das igrejas. E existem coisas que, da Igreja, são levadas para a mídia. Que a mídia tem mais simpatia pela candidatura do Serra, isso é inegável. Mas, por exemplo, o Silas Malafaia está distribuindo CDs e DVDs contra o aborto. O que é curioso é que, por exemplo, não houve uma discussão em torno da homofobia - que também é um tema difícil. Por quê? Porque os homossexuais têm uma mobilização dentro da sociedade, então eles conseguem dar uma resposta de pronto, acionando a Justiça. Eles têm uma capacidade de mobilização muito maior que o movimento a favor do aborto. No caso dos homossexuais, por mais que os líderes religiosos sejam contra, eles não conseguem interferir nesse debate e nem trazer isso para o momento eleitoral. São temas que estão sendo usados porque a sociedade civil brasileira ainda não tem uma posição clara com relação ao aborto. Então, permitiu que esse tema fosse usado dessa forma.
Fonte: Terra Magazine
Deus continue te abençoando de forma grandiosa. Obrigado por me aceitar no seu blog.
ResponderExcluirCaro amigo e pastor Juber Donizete,
ResponderExcluirA Paz do Senhor!
Parabéns pela publicação da entrevista!
Em que pese entender que o pensamento geral dos evangélicos não é esse, não posso discordar que no caso de algumas altas lideranças, a falta de transparência em suas ideologias, realmente deixa essa impressão, a da conveniência.
Em tempo:
A foto escolhida para a ilustração, me parece que fala daquilo que não estão falando! rsrsrs
Um grande abraço!
Seu conservo,
Pr. Carlos Roberto
Concordo com algumas teses de Maria das Dores, e até possuo e li seu livro "Os Votos de Deus", mas é uma boa hora para emparedar os atores da discussão. Se não for agora, quando será? Nós precisamos discutir o assunto porque já estão em andamento várias ações do Ministério da Saúde e da Secretaria Especial da Mulher para descriminalizar o aborto, em grande parte apoiados por Dilma e pelo PT, que foi o primeiro partido a ter no estatuto tal apoio. É verdade que alguns estão usando de má fé, mas é melhor falar do que calar. Fisiologismo vai haver com ou sem aborto.
ResponderExcluirEu acho que ele está aí tentando se cacifar no jogo da política. Ele não é só um ator religioso. Tem aí também um jogo das lideranças religiosas no sentido de serem reconhecidas enquanto atores políticos, atores que vão estabelecer uma série de acordos e vão ter acesso ao cenário político. A questão doutrinária é colocada na mesa para negociar ou para forçar um reconhecimento enquanto ator político.
ResponderExcluirConcordo com ela, eles colocam esta questão doutrinária , mas é uma forma de barganhar poder sim, para nós é uma questão religiosa, mas para estes lideres Evangélicos não. São realmente como ela disse, atores Políticos, isso é vergonhoso. Paz!
qualquer um dos dois tem chances de ganhar o apoio desses grupos por negociação.
ResponderExcluirAinda bem que não é crente que Esta analisando estas questões. Tendo uma visão melhor que muitos crentes cegos. Eu me sinto indignada meu irmão com isso. Me sinto envergonhada com estes que se intitulam lideres nossos. O povo crente tem que aprender a ter uma consciência Politica e parar de serem massa de manobra destes. Só Jesus, estou aqui com lágrimas nos olhos escrevendo isso. Paz!
Pr. Cézar Carrijo,
ResponderExcluirOlá amado! É um prazer recebê-lo por aqui, vindo lá de Portugual.
Um abração para você e diga que eu mandei um para o Elizeu também.
Caro Pr. Carlos Roberto,
ResponderExcluirSobre a foto, também achei o mesmo, mas a coloquei como estava no site da fonte. Sobre a entrevista, sabemos que esse não é realmente o pensamento geral dos evangélicos e nem de toda sua liderança. Por exemplo, aqui na minha cidade e na igreja que sou membro, o nosso pastor titular, votou e apoiou a Marina Silva no primeiro turno. Mas, é claro que sabemos que infelizmente, alguns líderes estão barganhando na maior cara de pau em nome das igrejas.
Um grande abraço.
Daladier,
ResponderExcluirTambém concordo com você, apesar das motivações de alguns, não serem lá tão legítimas, temas como o aborto, entre outros não podem deixar de serem debatidos.
Abraço.
Rô,
ResponderExcluirSua preocupação honesta, expressa bem com se sentem muitos hoje, sejam evangélicos ou católicos, com relação ao "apoio" de líderes religiosos na política. Sim, porque não é somente no meio evangélico, que está havendo essa revolta. Tenho visto essa mesma manifestação entre os católicos, como por exemplo, no apoio do Chalita (da Canção Nova) a Dilma. Um artigo do Pe. José Augusto, onde numa homilia na Comunidade Canção Nova, ele falou contra o aborto e advertiu contra a eleição de Dilma, foi retirado do site do Prof° Felipe Aquino (que também faz parte da Canção Nova. O fato gerou vários protestos dos católicos. A homilia com o vídeo está disponível no youtube, e só pesquisar no Google. Para falar a verdade, vi mais sinceridade nesse padre do que em muitos pastores vendidos ao poder político.
Um abraço.
Pois é irmão Juber realmente ha mais sinceridade neste padre do que em certos lideres Evangélicos, a insatisfação é geral no meio cristãos. Paz querido!
ResponderExcluirPr Jube tem um selinho pra ti lá no meu blog em agradecimento por vc fazer parte dos meus 400 amiguinhos do Mulheres Sábias, recebe lá, ou melhor pegue lá maninho, o selinho se chama (blogueiro fiel) . Bjs!
ResponderExcluirGraça e Paz, Pr. Juber
ResponderExcluirBela postagem. Sempre é bom entender que aquilo que parece ser, na verdade não é...
Tem muitas lideranças por aí, com atitudes completamente aéticas, se apresentando como bastião da ética.
Nesta hora, é preciso muito discernimento!!
Parabéns pela postagem! O teu blog está cada vez melhor!
Um abração Nele,
O que acho legaL MESMO e que esses homens tem phd em divindade ou sao doutores em dinvindade e me parece que estao esquecendo a HISTORIA mundial e eclesiastica que todas as vezes que a igreja se envolve no secularismo e principalmente nesse lixo chamdo politica humana ,fazem acordo ate com o SATANAS para conseguirem seus objetivos
ResponderExcluirvejam o desempenho dos evangelicos no poder
58 % das propinas ficaram com eles
http://sementedarenovacao.com/?p=2979
Pastor que deixa o pastorado para ser deputado esta abandonando a chamda divina , ou nao foi chamado
ResponderExcluirRô,
ResponderExcluirObrigado pela lembrança e pela indicação deste blog ao selinho. Vou lá recebê-lo.
Abraço.
Cláudio,
ResponderExcluirO melhor exemplo histórico, foi o de Constantino. Quanto a pastor seguir carreira política, eu dei minha opinião numa recente entrevista aqui no blog. Se ele tem verdadeira vocação pastoral, não deve misturar as coisas. Deveria deixar a candidatura política para um membro da igreja com vocação política.
Abraço.
Fico me lembrando da historia do grande abolicionista cristao ingles William Wilberforce que recusou ser pastor alegando que seu chamado era politico
ResponderExcluirFez correto nao misturou as coisas
Lembro-me tambem do grande billy grahn que resucou-se ser candidato a presidencia americana por nao querer se rebaixar de ministro do evangelho para presidente dos estados unidos
Marcos Wandré,
ResponderExcluirObrigado pela participação sempre amável. Se este blog está assim, certamente se deve a contribuições que são feitas com os comentários que aqui são feitos. Sua presença aqui sempre enriquece as postagens.
Abraço.
Cláudio,
ResponderExcluirBilly Graham já foi criticado, justamente pela proximidade que manteve com os presidentes americanos, desde a década de 50. Durante muitos anos, ele foi considerado o conselheiro espitual de presidentes, sejam do partido democrato ou republicano. Eu no entanto, vejo por outro lado. Se ele foi próximo do poder norte-americando, por tanto tempo, então seu caráter cristão fica mais realçado ainda, pois não usou de sua influência, para barganhar cargos para parentes e amigos e nem quis uma "pasta ministerial", preferindo continuar com o seu chamado para pregar o evangelho seja através das cruzadas ou dos meios de comunicação.
Não entendo como homens que se dizem evangélicos podem apoiar uma mulher que não tem marido, será que a Dilma tem alguma namorada!!!!!!!!.
ResponderExcluiro Serra pelo menos sempre aparece com sua família,está muito difícil conviver com tanta mentira e falsidade no meio evangélico.
Gostei muito da verdade dessa artigo, esse poderosos super crentes querem só é poder, status e fama.Tenho quase absoluta certeza que esses cam,maradas que se acham lideres do povo de Deus,são reprovados pelo Senhor.O Senhor pede que procuremos viver uma vida sossegada, e buscar as coisas humildes, e através da oração e do bom testemunhos, vamos abrindo as portas para o crescimento do Reino de Deus.
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