A Igreja Evangélica Assembleia de Deus está
fazendo 104 anos, e nesse período se tornou a maior denominação evangélica do
Brasil. Juntamente com a Congregação Cristã do Brasil, foram as primeiras
igrejas pentecostais brasileiras.
Nesses 104 anos, o mundo mudou, o Brasil
mudou e as igrejas também mudaram. Algumas mudanças vieram para melhor e outras
nem tanto. No início, não havia representação política, porque a igreja sob a
ótica pré-milenista, dizia que Jesus voltaria logo, então tinham que ganhar
almas, porque o Arrebatamento pré-tribulacionista logo ocorreria. A denominação
considerada conservadora, durante anos proibiu o uso do aparelho de rádio entre
os seus membros, ocorrendo o mesmo depois com a televisão.
Geralmente quando se refere
a história da AD no Brasil, é comum ver a citação dos nomes dos líderes
pioneiros do passado e é justo que isso seja feito. Mas gostaria também de
lembrar que essa igreja, também deve muito do seu crescimento ao trabalho de
muitos e muitos anônimos, pessoas simples, mas apaixonadas por Jesus, que
pregavam a Palavra sem receber salário, apenas por amor ao Evangelho. Muitos se
esmeraram em trabalhos como: colportores de literatura, distribuição de
folhetos, visitação em casas, hospitais, presídios, evangelismo pessoal.
Pregavam nos sertões, favelas, comunidades ribeirinhas, andando a pé, de bicicleta
ou em barcos precários, atravessando rios, sendo verdadeiros “Ananias” que
foram usados por Deus, se tornando “pais na fé” de muitos “Paulos”. Esses
“anônimos”, apesar de não ter seus nomes escritos nos livros e enciclopédias
que falam sobre a história da nossa denominação, foram verdadeiros heróis da
fé, cujas obras são conhecidas diante de Deus.
Hoje, a igreja tem representação política,
busca ter presença midiática, vem procurando flexibilizar alguns usos e
costumes e contextualizar a linha litúrgica. A denominação é representada por
duas Convenções: a CGADB E CONAMAD. Porém, deve-se lembrar que existem outros
ministérios assembleianos que não estão filiados às duas grandes convenções
nacionais citadas, como por exemplo, a igreja liderada pelo Pr. Silas Malafaia.
Duas famílias, estão há anos na liderança das duas convenções. No caso da CGADB,
a próxima eleição da mesa diretora será em 2017, mas a candidatura posta é a do
filho do atual presidente que está na liderança desde 1988, com exceção para o
biênio de 1993/1995, quando ficou na 1ª Vice-Presidência.
No meio evangélico, há pudor (para não usar
outros termos) em dar nomes aos bois. Às vezes, o motivo é um desejo de poupar as
pessoas, ou provém de uma autocensura comunitária, que nos incapacita de
enxergar aquilo que, desfigura nosso rosto público. Dizem que não é de “bom
tom” dizer certas coisas. Mas algumas devem ser ditas para que avancemos como
comunidade, em direção à maturidade. Chegou o momento de questionar estilos de
liderança personalistas e um modelo de intermediação evangélica com a esfera
pública. Ao dizer isso, não me refiro apenas a Assembléia de Deus mas sim, a
toda Igreja Evangélica Brasileira.
Em termos de olhar
histórico, digno de nota foram as menções ao que o sociólogo Gideon Alencar, autor
do livro “Matriz Pentecostal Brasileira”, chama de
"mito fundante", quando fala do incessamento dos dois primeiros
pioneiros da AD depois de mortos, sendo que em vida, Gunnar Vingrem foi voto
vencido junto ao seus colegas de ministério, suecos e brasileiros,
principalmente quanto a posição da mulher no ministério, que no caso em
questão se referia a Frida Virgren.
Já Daniel Berg, depois de
1912 até o Jubileu de Ouro da AD em 1961 (dois anos antes de sua morte), quando
recebeu uma placa comemorativa, havia sido relegado ao ostracismo. Até
então o mesmo estava esquecido pela liderança da igreja, nunca foi
lembrado para ser ordenado a alguma função ministerial, direção de igrejas.
Vivia de forma muito modesta como colportor de Bíblias.
Frida Virgren é outra que
foi "esquecida" pela história oficial da AD. Só recentemente sua
memória foi resgatada. Fica aqui a pergunta: Por quê será?
Das setes igrejas da Ásia,
apenas duas não receberam advertências de Jesus, as outras sempre tinham um
elogio e uma exortação:”Arrepende-te”. No caso da igreja Assembleia de Deus, do
nosso falho ponto de vista humano, diria que apesar das críticas que tem que
serem feitas, deve-se reconhecer que esta denominação centenária, muito
contribuiu para a evangelização e crescimento dos evangélicos nesse país e até
em outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário