segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O fator Melquisedeque


Você já ouviu falar na Ordem de Melquizedeque?
 
A primeira referencia vem do livro de Gênesis, de um encontro entre Abraão e esse Personagem misterioso; o qual, mais adiante, nos Salmos, é feito Representante do Maior e Mais Superior Sacerdócio, e do qual o Messias é feito Sumo-Sacerdote. Mais adiante, a epistola aos Hebreus diz que Jesus é esse Sumo-Sacerdote Segundo a Ordem de Melquizedeque; sendo que o próprio Melquizedeque foi um tipo ou Arquétipo de Cristo.

Ora, a existência de Melquizedeque na Bíblia como sendo alguém que “vinha de fora” da história linear que as Escrituras narram, especialmente focada na descendência de Abraão, abre a porta para que se veja a ação de Deus “fora do ambiente” de histórias e narrativas das Escrituras, posto que mostra que Deus se revela a quem quer e como quer, e que não tem que dar qualquer explicação disso a qualquer censor humano.

Assim, o que vejo nos mitos dos povos que lembram de modo arquetípico a história de Jesus, não é a influencia dos “anjos caídos” desejosos de confundirem as coisas, mas sim uma provisão da Graça, Segundo a Ordem de Melquizedeque, a fim de deixar sempre um ponto de contato entre todas as culturas humanas e algum “braço” do Evangelho.

Don Richardson, no seu livro O Fator Melquisedeque diz que, Deus deixou um “fator Melquizedeque” em cada povo da terra, pelo qual o Evangelho tem sua “porta de entrada” cultural, psicológica e, por vezes, até espiritual. Aliás, o Velho Testamento inteiro é a comprovação dessa utilização arquetípica a fim de um dia tê-la substituída pela Imagem Real ou pelo Significado Pleno, no caso, pela Encarnação do Verbo.

Mas para os judeus piedosos e que ofereciam seus sacrifícios de sangue com devoção e fé, confessando assim a necessidade de redentor e redenção, quando Veio Àquele que era o cumprimento de todas as promessas e esperanças, seus corações não hesitaram em seguí-lo.

Deus deixou milhões de pontos de contatos simbólicos, arquetípicos e culturais entre os povos da terra; pois, todos os homens são frutos de um só; visto que de um só Deus fez toda a raça humana; sendo esta a razão pela qual a memória de um tornou-se muitas memórias entre os seus descendentes, porém sempre mantendo o eixo original da esperança. O apóstolo Paulo explica isto, no seu discurso no Areópago de Atenas, em Atos 17:  (De um só fez todos, até os seus poetas falam, Esse Deus Desconhecido, que adorais sem conhecer, é o que eu vos anuncio).

Portanto, o que vejo é a Graça deixando pistas de Deus e da esperança entre todos os humanos. Vejo, Ele marcando o chão do mundo com Seus passos.

No entanto, conforme está escrito em Romanos 2:12-16, o que creio é, que cada um será julgado pela luz que de fato teve, descontadas todas as intromissões dos traumas, condicionamentos religiosos, tempos, culturas, épocas, circunstancias, oportunidades, etc... Ou seja: cada um será julgado pelo que soube de fato que era verdade, e, no coração, assim mesmo, rejeitou; pois, se tiver acolhido a verdade, livre está de juízo.

Quando Jesus disse aos homens para não tentarem separar no campo do mundo o joio do trigo, Ele estava dizendo que homem algum conhece o coração de outro homem, mesmo quando lhe conhece os caminhos, os atos, as formas, os modos, os comportamentos e os pensamentos confessados.

Isto nos põe diante do mistério do homem! Temos o direito, e o dever de escolher com quem desejamos estar e viver, mas não temos o direito de dizer quem é quem ou o quê; jamais — especialmente no que diz respeito ao homem e Deus.

Ou seja: Jesus ensinava que a melhor certeza do homem é que o joio existe, mas o resto é dúvida; pois, não lhe foi dado o poder de entrar nas naturezas das coisas.

Por isto Paulo diz: “Porque quando os pagãos que não têm lei, fazem por natureza as coisas da lei, eles, embora não tendo lei, para si mesmos são lei; pois, mostram a norma da lei escrita em seus corações, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os — no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Cristo Jesus, segundo o meu evangelho.”

Entretanto, foi por tentar fazer o que Jesus disse que era tarefa de anjos instruídos pelo Pai, que os cristãos que se tornaram religiosos do Cristianismo e, então, os anjos armados que mataram e matam em nome de Jesus; ou tornam-se aqueles que se indignam quando existe a chance de alguém que nada tem a ver com a cultura religiosa e cristã, possa estar assentado à mesa com Abraão; assim esquecidos que nós mesmos somos apenas um enxerto contra a natureza das coisas, pois fomos implantados na oliveira da esperança como pagãos que souberam, o que não nos faz melhores, mas apenas mais responsáveis; posto que Jesus tem entre os Dele muitos pagãos que nunca souberam, mas que viveram e vivem como quem sabe.  Em outras palavras, temos que tirar as sandálias ante o mistério do coração humano.

A Ordem de Melquizedeque é o Sacerdócio Universal de Cristo por todos os homens, e, especialmente, por todos os homens que vivem segundo a fé; ou mesmo sem informação dela, mas que buscam viver no caminho do que é bom, humano, misericordioso, justo e simples em sinceridade. Sim! Em qualquer tempo ou em qualquer lugar da Terra!
Nas duas próximas postagens vamos discorrer sobre como Deus fala e como tentaram ao longo dos séculos condicionar a ação de Deus.

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