Essa pergunta foi feita pelo Pr. Carlos Queiroz, missionário e pastor da Igreja de Cristo em Fortaleza (CE) em das matérias da última edição de nº 50 da revista Cristianismo Hoje. As indagações dele são as seguintes: "Qual a relação entre o reflorescimento religioso do Cristianismo - seja de perfil católico, protestante ou neopentecostal - com os eventos do Reino de Deus e do Evangelho de Jesus Cristo de Nazaré?"
Enquanto o Evangelho, como o fermento citado nas Escrituras, infiltra-se na sociedade, vão surgindo outros movimentos de natureza religiosa com a incorporação de elementos e linguagens das religiões cristãs, que podem, também crescer - mas, mesmo assim, não se configuram como sendo um crescimento de tudo o que foi proposto por Jesus de Nazaré e a primeira geração de discípulos.
As organizações religiosas que mais se parecem com shoppins da fé, por exemplo, estão crescendo no Brasil como em nenhum outro momento. As técnicas de venda, suas eficazes estruturas de comunicação e o espírito de engano na linguagem de seus líderes, aliados às necessidades e desejos dos seus consumidores, geram uma fidelização de clientes - para usar o termo da moda - por tempo mais prolongado do que em outros empreendimentos do mercado.
Em tempos nos quais a imagem da Igreja evangélica brasileira é vinculada a líderes políticos como o deputado federal Eduardo Cunha, a pastores de grandes impérios que, segundo a revista Forbes, são detentores de fortunas que chegam a quase R$ 2 bilhões e a artistas e cantores que cobram cachês astronômicos para que se apresentarem em encontros de "adoração do povo de Deus", é quase impossível não sermos assaltados pelo desânimo e desesperança.
É justamente em cenários como o que vivemos que muita gente comprometida e séria acaba assaltada pelo mesmo tipo de depressão que envolveu o profeta Elias no passado. Diante da complexidade da situação que vivia, Elias tomou a decisão de agastar-se de tudo e de todos e desistir, uma vez que foi tomado pelo sentimento de que se encontrava só no meio de uma geração que havia se curvado diante dos ídolos de seu tempo.
Imerso na depressão e convencido de que estava sozinho naquela situação, Deus veio ao encontro de Elias e deu-lhe uma boa notícia: "Fiz sobrar sete em Israel, todos aqueles cujos joelhos não se inclinaram diante de Baal e todos aqueles cujas bocas não o beijaram" (I Reis 19:18).
O mesmo acontece hoje com a gente, que às vezes dá vontade de "jogar a toalha", flertar com a possibilidade de se isolar e não ter mais contato com o que conhecemos como igreja evangélica brasileira. Mas, em meio a desesperança, Deus faz surgir pessoas, iniciativas, projetos e comunidades que acabam funcionando em nosso coração como os "sete mil joelhos que não se inclinaram a baal". Muitas destas pessoas, iniciativas, projetos e igrejas não estão em destaque na mídia, não possuem recursos financeiros astronômicos e seus líderes não são considerados grandes astros. No entanto, vivem em profunda seriedade e devoção a missão dada por Jesus.
Diferentes pessoas possuem sua própria visão sobre os desafios da Igreja Brasileira. Em minha percepção, falta-nos ser uma igreja mais bíblica, ética e missionária. A igreja brasileira precisa buscar ser mais bíblica na compreensão de que o Evangelho não é a igreja - mas Jesus. Escrevendo aos crentes romanos, Paulo expõe que o Evangelho foi prometido pelos profetas e nas Sagradas Escrituras, e diz respeito ao Filho que ressuscitou dentro os mortos: Cristo, nosso Senhor (Romanos 1:1-4).
Esclarece que, assim que o Evangelho não é uma coisa ou uma metodologia, mas uma pessoa - Jesus Cristo. Ao resgatarmos a compreensão bíblica de que o Evangelho é Cristo, e não a igreja, iremos alinhar biblicamente não apenas nossa teologia, mas também a prática cristã.
Precisamos falar menos de nós mesmos e mais sobre Jesus; pregar menos as nossas denominações e mais o Reino; exaltar menos os nossos pastores, diretores, teólogos, missionários e presidentes e mais o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
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