“A igreja deveria estar mais preocupada em promover paz, conciliação, respeito, preservação de direitos humanos... Mais do que ficar discutindo moral sexual.”, acredita pastor batista.
O portal G1, do grupo Globo, elaborou uma longa reportagem com o título “Cristãos transgêneros lutam para conciliar fé e mudança de gênero no ‘evangelho inclusivo”
Além de vários testemunhos de gays, lésbicas e transgêneros que encontraram igrejas que os aceitassem, a matéria tentou aprofundar a questão do ponto de vista teológico, uma raridade na emissora.
A ideia desse “evangelho inclusivo” não é nova. Desde o início da década de 1960 ele é abordado, primeiramente na vida acadêmica, mas em 1968 nos EUA surgiu a primeira denominação do tipo, as igrejas da Comunidade Metropolitana.
Adeptos dessa teologia liberal, pregam a “aceitação irrestrita de fiéis que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e afins (LGBT), e seus familiares e amigos”. Nas décadas seguintes, essa corrente de pensamento assumiu outras formas e variações, influenciando a aceitação da homoafetividade em setores de denominações históricas como a luterana, a anglicana, a metodista e a presbiteriana.
Com a chegada de Francisco ao pontificado, a Igreja Católica deu uma amenizada no seu discurso, mas não fez mudanças drásticas em seus documentos e liturgia.
Uma fala repetida em igrejas evangélicas é que ela dissocia o sujeito de sua maneira de ser, sendo relativamente comum a ideia de que Deus “odeia o pecado, não o pecador”.
O G1 contrastou a opinião do pastor Ed René, da Igreja Batista da Água Branca, que diz ser conservador e a ‘pastora trans’ Alexya Salvador, da Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM) de São Paulo.
Para Ed René, falar sobre a dissociação do pecado e do pecador quando se fala de pessoas LGBT “É um clichê religioso para dizer: ‘Olha, nós somos bonzinhos, sim, aceitamos você, só não gostamos da maneira como você vive’. ‘Bom, então se você não gosta da maneira como eu vivo, você não gosta de mim, você não vai me aceitar aí dentro do seu ambiente ou junto de você’. E, na verdade, é isso que acontece”.
Já Alexya se ressente das duras críticas que sofreu quando deu, no ano passado, uma entrevista dizendo que “Jesus foi o primeiro transgênero”. Seu argumento é que Cristo transicionou do gênero divino ao gênero humano ao surgir como o Messias.
“Eu sei que eu sou a contradição cristã no Brasil. E as pessoas preferem me atacar, os próprios LGBTs inclusivos preferem me atacar, dizendo que eu estou fazendo blasfêmia com a palavra de Deus. Não é blasfêmia. Se reconhecer em Deus é lindo. (…) E eu sou a imagem e semelhança de Deus, e não preciso pedir permissão de ninguém para isso, para ser. Eu sou e pronto”, insiste.
Ao abortar passagens bíblicas costumeiramente usadas para mostrar a condenação divina da prática homossexual, o pastor batista aponta para Romanos 1:27 e assegura: “Ali [Paulo] está falando de comportamento, não de identidade. Ele não está falando de transgeneralidade”.
Mencionando 1 Coríntios 6:9, assevera: “não sei se o que Paulo está condenando lá é a mesma coisa que acontece aqui. O que é a prática homossexual de um senhor de escravos, que usa seu escravo como propriedade particular, inclusive para a satisfação de sua dimensão de sexualidade, é a mesma coisa de uma relação homossexual entre duas pessoas adultas no século 21, na cidade de São Paulo”.
Optando em falar sobre os textos de Levítico 18, a pastora trans explica: “Na Comunidade Metropolitana nós fazemos a leitura sócio-crítica [da Bíblia]. Não é que a gente vai dizer que aquele texto está errado. Nós vamos chamar à luz da consciência, à luz do Espírito Santo para entender que aquele texto foi escrito dentro de um contexto social… Aquilo já não é mais para mim”.
Reconhece que a passagem chama homossexualidade de “abominável”, mas questiona o fato de o mesmo livro do Antigo Testamento, “dizer que também é abominável o homem que come carne de porco (Lv 11:8), o homem que gosta de frutos do mar (Lv 11:12), o homem que veste roupa feita com mais de um tipo de fio (Lv 19:19)”.
Na opinião de Ed René, “Há uma exacerbação da importância dessa questão, no sentido de os pecados relacionados à sexualidade serem exagerados em relação a outros pecados que são, inclusive, muito mais danosos. Com certeza, todo discurso que sataniza um tipo de pessoa e um tipo de comportamento vai gerar violência, sim. A igreja deveria estar mais preocupada em promover paz, conciliação, respeito, preservação de direitos humanos… Mais do que ficar discutindo moral sexual. Isso é importante, mas existe uma agenda muito mais importante”.
Olhando para Gênesis, Alexya faz outro malabarismo teológico: “Deus criou pessoas, não criou homem e mulher”.
Fonte: https://noticias.gospelprime.com.br/
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