Em meio uma pandemia, as pessoas vivem falando do “novo”.
Porém, acho que devemos refletir sobre o velho. Como assim? As pessoas estavam
vivendo em uma rotina de correria, de trabalho, de estudo, de um modo freneticamente,
“não tenho tempo”, “vida com família é algo de se ver para tirar fotos”, “ter
uma refeição em casa é algo de luxo para poucos”. Assim, estávamos nesta vida,
vivendo nestes padrões, e pensando que estivéssemos corretos diante da
sociedade, da comunidade em que estamos inseridos. Era comum para maioria de
nós, sair cedo para o trabalho e só chegar no final da tarde ou até mesmo já
noite.
A criança, também teve uma rotina sobrecarregada, ida e
vindas para aulas, seja usando transporte escolar ou não. Esteve ansioso por algum motivo, sentiu
tristeza ou até mesmo alegria de algo, porém você, pai, mãe não via. A criança
estava sendo acompanhado por outro, seja uma professora, ou moço da van escolar
e até mesmo um desconhecido para você.
A pandemia chegou, e “ tudo virou de pernas para o ar”. O que as pessoas não percebem é que as
crianças são mais fortes, na questão de se reinventarem, são curiosas por
natureza, e se adaptam mais rápidos. Exemplo disto, quando uma criança tem que
mudar para outro país, devido, a profissão de seus pais, são eles que aprendem
mais rápido o idioma local e não os adultos. Quando inevitavelmente há
separação do cônjuge, quem silenciosamente tem que se adaptar a nova realidade
são os filhos, pois os pais se separaram, agora ele, terá duas casas, dois
modos de se comportar dentro de um lar... e assim por diante.
Agora, eu me pergunto: Por que as pessoas vivem falando, que
são as crianças que estão estressadas? Que está sendo difícil para as crianças
ficarem em casa neste isolamento social?
Será que não somos nós, país/adultos, que estamos querendo
colocar a culpa de nossas desculpas nas crianças? Será que não somos nós é que
estamos estressados? Pois, não sabemos ligar com nossos filhos, estávamos
acostumados de ter um profissional que os acompanhava nas atividades
educacionais. Não sabemos educar, amar, respeitar, conviver. Com certeza, teve
dia em, que seu filho chegou na escola triste, até chorando, ali não estava
você, que agora têm que estar devido o distanciamento social. Estava a professora, um amiguinho
para ser compartilhado tais sentimentos. Em outro momento, seu filho chegou
transbordando de alegria, porém este sentimento foi retribuído com outra
pessoa, que certamente não foi com você pai, mãe. São sentimentos que nesta correria
antes da pandemia, não era percebido por
você.
Para muitos, ter uma
família é algo como um bibelô, se possível longe dele, estou trabalhando para o
sustento, já é o suficiente. É triste pensar assim, mais temos muitas famílias
sofrendo este isolamento social, devido
ao modo de pensar e viver e agora são obrigados a repensar em um novo estilo de
família. O que falam que é o novo, eu
vejo como o velho estilo de viver, onde os ensinamentos eram passados de pais
para filhos, a preocupação de repassar os ensinamentos era algo de grande
importância para os hebreus (Dt 4:9).
O filho amado de Jacó, quando foi vendido como escravo ao
Egito, ele não foi um simples escravo, pois José sabia ler e escrever. Quem o
ensinou à escrita, a leitura foi pai. A
palavra de Deus mostra este cuidado, este zelo para com a família. Amar o teu
próximo...; ensina a criança no caminho que deve andar....
Quando se estuda a infância de Jesus, nota-se que Maria tinha
está preocupação de mostrar a cultura, de sua época para Jesus nas festas
religiosas, sua apresentação no templo (Lc 2:22,39), e em outros momentos, pois isto era normal, a
família cuidar do seus, no sentido particular de cada família. Agora,
terceirizamos para outros educar nossos filhos e com o distanciamento social
devemos voltar a práticas antigas, nós, enquanto pais, educar da melhor maneira
nossos filhos com amor.
O texto é da minha esposa: Ana Cristina Noronha Gonçalves, é professora, pedagoga e mãe
de trigêmeos, hoje com 10 anos. Somos casados há quase 27 anos.
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