segunda-feira, 19 de julho de 2021

Subídio para Lição nº 04 da EBD - Elias e os profetas de Aserá e Baal



 O episódio que envolveu Elias e os profetas de Baal nos faz pensar sobre a crise espiritual e moral que assola o sistema religioso evangélico e político no Brasil.


UMA PALAVRA SOBRE “SISTEMAS”

Estar (fisicamente) num sistema, não significa necessariamente "ser" (essencialmente ou ideologicamente) deste sistema.

Numa perspectiva macro, Jesus falou disso em João 17.14-18, onde substituirei no texto o termo "mundo" (macrossistema, caído e influenciado por satanás) por "sistema" (organizações religiosas, corporativas, políticas, etc., microssistemas influenciados pelo macrossistema):

Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o "sistema" os odiou, porque eles não são do "sistema", como também eu não sou. Não peço que os tires do "sistema", e sim que os guarde do mal. Eles não são do "sistema", como também eu não sou. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao "sistema", também eu os enviei ao "sistema". (Jo 17.14-18)
Percebe-se no texto a possibilidade clara de "estar no", sem "ser do".

Os profetas bíblicos, e Elias e Eliseu se enquadram aqui, não foram enviados de outras nações (sistemas politicamente constituídos) para profetizar contra os pecados de Israel e Judá. Eles viviam no sistema (nação israelita e judaica politicamente constituída), e do sistema foram levantados contra o próprio sistema (nação politicamente constituida e influenciada pela idolatria, imoralidade, violência, corrupção, suborno, injustiça social etc).

Foi dessa forma que para Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que estavam em Ananote, na terra de Benjamim, o Senhor falou em Jr 1.17-19.

Observe que Jeremias era filho de sacerdote e morador de Benjamim. Ele estava diretamente relacionado com o sistema em termos religiosos e políticos, mesmo assim, o SENHOR o escolheu de dentro do sistema para se posicionar contra o sistema, sem se isolar do sistema, Jr 1.10.

Ezequiel é um outro exemplo de profeta cuja origens remonta à família sacerdotal (ministros religiosos do sistema). Dele no diz a Bíblia em Ez 1.1-3.

Ezequiel não apenas estava no sistema, como, inclusive, foi vitimado pelas consequências da desobediência a Deus que dominava o sistema, sendo levado cativo para a Babilônia junto com os demais integrantes do sistema.

Isaías tinha uma alta posição social no sistema, visto a liberdade com que transitava na corte real (Is 7.3-17; 39.3), a maneira como intervinha em questões de Estado (Is 37.5-7) e como se relacionava com os sacerdotes e portadores de altos cargos (Is 8.2). Mesmo assim, com toda esta liberdade e envolvimento com ilustres personagens do sistema, foi de dentro deste sistema e para profetizar contra este sistema que o Senhor o levantou.

Mesmo os profetas que não estavam muito próximos do centro do sistema (Jerusalém e Samaria), como é o caso de Elias (1 Rs 17.1), Amós (Am 1.1), Miquéias (Mq 1.1) e Naum (Na 1.1), de alguma forma se relacionavam com o sistema.

Sim, é possível estar no sistema sem ser do sistema; é possível conviver no sistema e ser contra o sistema; é possível realizar coisas boas no sistema e denunciar as coisas ruins do sistema; é possível arrancar e derribar no sistema e também edificar e plantar no sistema; é possível ser voz e arauto de Deus "no" e "para" o sistema; é possível ser santo e íntegro no sistema; é possível não se vender e não se render ao sistema; é possível influenciar positivamente no sistema, sem ser influenciado pelo sistema; é possível imitar Jesus.

A QUESTÃO DOS FALSOS PROFETAS

Em relação aos falsos profetas, observe o que nos diz a Bíblia Sagrada em :

"Sabe que, quando esse profeta falar em nome do Senhor, e a palavra de se não cumpri, nem suceder, como profetizou, esta é a palavra que o SENHOR não disse; com soberba, a falou o tal profeta; não tenha temor dele." (Dt 18.22). Leia também Dt 13.1-4.

Perceba que um falso profeta não é apenas alguém que fala (ou prediz) algo em nome de Deus, e que este algo não acontece. O segundo texto deixa claro que um profeta ou sonhador pode anunciar um sinal ou prodígio, e que isto pode vir a acontecer, mas que tal fato não autentica a integridade e a autoridade do profeta, nem a legitimidade da profecia.

Para discernir o falso do verdadeiro a pergunta chave é: Juntamente com a profecia, há um cuidado do profeta em se manter fiel ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus?

Os falsos “profetas”, ou seja, aqueles que dizem falar em nome de Deus, são reconhecidos pela ausência de frutos em suas vidas (caráter cristão e compromisso com Deus), ou pela má qualidade dos mesmos. Eles geralmente;

Falam para agradar seus ouvintes (I Rs 22.1-6 ); falam sem serem autorizados por Deus (Ez 13.1-9); suas profecias tendem a afastar o povo da palavra de Deus (Dt 13.1-4); sempre estão procurando tirar vantagens dos seus “dons” (Nm 22.7; Jd 11).

Nos dias de Elias havia também falsos profetas, e estes serviam a Acabe e Jezabel. Os profetas que eram sustentados por Jezabel nos faz pensar em algumas situações atuais, que envolve alguns “mensageiros”. Há profetas bajuladores que somente falam o que o seu “rei” e “rainha” querem ouvir, e assim garantem o seu sustento. Há profetas mercenários que sua mensagem é de acordo com a conveniência do momento e com o valor da oferta. 

Há profetas “agendeiros” que fazem de tudo para voltar às igrejas onde são convidados. Há  profetas que nem crente são, pois nunca nasceram de novo. Há profetas empresários que somente pensam em aumentar seu patrimônio pessoal. Há profetas artistas, que somente pensam em aparecer. 

Assim como nos dias de Acabe e Jezabel, tem muito líder político hoje comprando a consciência e calando a boca de profetas através de esquemas fraudulentos, de cargos e salários para o próprio profeta, ou para os seus parentes e familiares.

Apesar dos profetas de Baal e do poste-ídolo de nossos dias, ainda existem nas ruas, praças e templos, no interior e nos grandes centros urbanos do Brasil, homens levantados e sustentados pelo Deus de Elias.

Fonte: www.altairgermano.net/

 

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